A síndrome de Jules Cotard ou delírio niilista é uma rara desordem no qual a pessoa tem a crença de que já está morta, que não existe, que está apodrecendo e perdeu os órgãos internos. Alguns doentes inclusive chegam a perceber o cheiro de sua carne em putrefação ou sentem como os vermes os estão devorando.
Um caso famoso da síndrome Cotard descreve uma mulher que estava tão convencida de sua morte que fazia questão de vestir um sudário e dormia num caixão. Pediu para ser enterrada e como seus familiares se negaram, permaneceu em seu caixão até que faleceu algumas semanas depois. Há outro caso de um homem que depois de um grave acidente pensou que já estava morto, e quando o transladaram a sua cidade natal, na África, pensou que estavam levando-o para o inferno, pelo calor que ali fazia.
A doença se caracteriza por forte depressão, e é agravada pelo medo da morte, o que leva o paciente a vivenciá-la, talvez pelo pavor que a mesma lhe cause.
Em 28 de junho de 1880, em sessão da Société Médico-psychologique de Paris, Cotard apresentou o caso de uma mulher de 43 anos que acreditava que “não tinha cérebro, nervos, seios ou entranhas, que era somente pele e osso e que nem Deus e o diabo existem”. Dizia não necessitar de alimentos porque “era eterna e viveria para sempre”. Havia pedido para ser queimada viva e fizera várias tentativas de suicídio.
Cotard estava convencido de que havia encontrado um novo tipo de lipemania, cujas principais características seriam melancolia ansiosa, idéias de danação ou possessão, comportamento suicida, insensibilidade para a dor, delírios de imortalidade e de não-existência envolvendo a pessoa como um todo ou partes do corpo.
A mente – por mais complexa e poderosa que seja – é apenas um produto do cérebro. Essa é uma afirmativa que permeia todo o conhecimento científico contemporâneo e foi expressa pela primeira vez por Charles Darwin (1809-1882), em meados do século XIX. Se não pudemos ainda desvendar a assombrosa complexidade dos neurônios, o que dizer dos processos que levam a falhas de comunicação entre eles? Ainda não sabemos com precisão tudo o que resulta dessas incorreções, mas nada nos impede de admirar sua grandiosidade. O espanto nos domina quando ouvimos o paciente com a síndrome de Cotard falar dos seus delírios de imortalidade. Talvez porque, no fundo, tenhamos uma ponta de inveja dissimulada. Quantos de nós, ainda hoje, como Fausto, o personagem criado pelo escritor Johann Wolfgang von Goethe, não selaríamos de bom grado um pacto com o diabo, em troca da vida eterna?
Fonte: Revista Mente e Cérebro edição 186 - Julho 2008
http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/o_pacto_com_o__diabo_e_a_vida_eterna_imprimir.html
Cara Liliane Rosa,
ResponderExcluirSou pesquisadora e fui convidada para participar do projeto "Minas: Território da Arte" da Editora C/Arte Projetos Culturais. O Projeto vai realizar um estudo sistematizado da produção artística atual de todas as Regiões do Estado de Minas. Seu nome está na lisa do CRAP/MG e este é o motivo do meu contato. Caso vc seja artista plástica e possua um trabalho na área das artes visuais, entre em contato.
A publicação terá circulação nacional e ampla cobertura da mídia, o que vai possibilitar um incremento na carreira dos artistas participantes. Essa primeira etapa da pesquisa pretende catalogar em fichas individuais os artistas, portanto não há um critério de seleção, todos podem enviar seu trabalho. Esse material será encaminhado ao setor de pesquisa e posteriormente analisado e selecionado para a publicação. Entre em contato para maiores informações sobre o projeto e ficha de cadastro.
Atenciosamente, Jacqueline Prado – pesquisacomarte@gmail.com